Em abril de 2021, a Nestlé deu início ao projeto de transformação de toda a sua frota automóvel (comercial e não comercial) para veículos elétricos. Pela sua dimensão - 500 veículos - e horizonte temporal, até 2025, esta é uma iniciativa pioneira no país e que está inserida no compromisso, assumido globalmente pela Companhia, de atingir a neutralidade carbónica até 2050, sendo este um projeto chave para a redução de emissões de CO2.
A par com os restantes projetos em curso (mobilidade integrada, eletricidade 100% renovável certificada, produção de energia com painéis solares, eficiência de operações, transformação de materiais de embalagens, entre outros) no quadro da estratégia de Green Vision da empresa, este projeto dará um relevante contributo para o objetivo global de redução do impacto ambiental das operações da Nestlé, com uma redução estimada de 1800 toneladas de CO2 por ano.
O projeto Green Fleet, que ficará concluído em 2025 com um total de 500 viaturas elétricas, terá uma redução estimada de 1800 toneladas de CO2 por ano.
Para que este objetivo tenha sucesso, a Nestlé está a operar uma verdadeira mudança de paradigma e a opção do veículo elétrico é uma peça fundamental neste contexto.
O nosso pioneirismo é o exemplo de que é possível tirar partido desta tecnologia e colocá-la ao serviço da sustentabilidade das operações nas empresas.Alexis Pinheiro, Workplace Solutions Manager da Nestlé Portugal
A mudança de paradigma
Alterar totalmente uma frota automóvel constitui um significativo desafio para colaboradores e empresa, nomeadamente no que respeita à alteração de comportamentos e rotinas diárias e, por outro lado, pela necessidade de criar toda uma infraestrutura logística de apoio a esta mudança de paradigma.
Do lado do apoio aos colaboradores, este projeto traz consigo a realização de ações de formação sobre como conduzir um veículo elétrico, que cuidados ter na gestão da autonomia dos veículos, que locais de abastecimento utilizar e como fazê-lo de forma eficiente.
Do lado da infraestrutura necessária, a Nestlé está também, desde abril de 2021, a dotar todos os seus sites de postos de carregamento de viaturas, no edifício sede, em Linda-a-Velha, nas fábricas de Avanca e Porto e ainda na sua delegação comercial do Funchal. No total, serão instalados 64 postos de carregamentos até 2025: 12 na fábrica do Porto, 8 na fábrica de Avanca, 40 na sede, em Linda-a-Velha, e 4 na delegação comercial no Funchal. Todos eles terão capacidade de 7,4 kwh para um tempo estimado de carregamento de entre duas a cinco horas.
Além destes postos de carregamento da empresa, os novos condutores de veículos elétricos Nestlé têm ainda à sua disposição toda a rede de abastecimento público (Mobi-E), ou as redes disponibilizadas pelas zonas comerciais de muitos dos parceiros de negócio retalhistas da Nestlé.
No primeiro ano do projeto, em 2021, foram entregues 50 viaturas ligeiras elétricas e, este ano, em 2022, foram entregues mais 66 viaturas, tendo o ano sido iniciado com a entrega das primeiras cinco carrinhas elétricas comerciais da equipa de vendas da Nestlé Professional, que diariamente entregam os cafés Nestlé produzidos na fábrica do Porto – BUONDI, SICAL, TOFA e CHRISTINA.
O objetivo é simples: chegar a uma frota 100% elétrica até 2025. O projeto “Green Fleet” arrancou em abril de 2021 e, até 2025, serão 500 as viaturas elétricas ou híbridas plug-in da frota automóvel (comercial e não comercial) da Nestlé. A segunda fase do projeto começou em julho, com a entrega de mais 66 viaturas destas cinco centenas. Esta é uma iniciativa pioneira no país e que está inserida no compromisso, assumido globalmente pela Nestlé, de atingir a neutralidade carbónica até 2050, sendo este um projeto chave para a redução de emissões de CO2.
Mas para ficarmos a conhecer melhor o projeto, estivemos à conversa com Ana Fróis, NCE Champion & Iberian Services Manager, responsável pela gestão da frota da Nestlé Portugal. Numa época em que sobrevivemos a uma pandemia, mas em que ao mesmo tempo vivemos tempos muito difíceis com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, somam-se dificuldades inevitáveis na implementação do projeto. A decisão corajosa da Nestlé em avançar com o mesmo, a crise provocada pela falta de capacidade produtiva dos fabricantes automóveis, ou grande compromisso dos condutores com o nosso propósito e uma grande vontade de contribuir ativamente para a redução de emissões de CO2 são alguns dos temas abordados, nesta entrevista com Ana Fróis.
Em que consiste o projeto Green Fleet?
O projeto “Green Fleet” consiste na implementação da “Green Vision” da Nestlé Portugal também na sua frota. Trabalhar de forma sustentável está sempre presente na forma como fazemos negócio e faz parte do nosso propósito. Em linha com esta missão, temos várias iniciativas em curso das quais a implementação de uma frota 100% considerada verde até 2025 é uma delas. Isto a par de outras como adquirir 100% eletricidade que utilizamos de fontes renováveis certificadas, instalação de painéis solares, alteração dos materiais de embalagem utilizados, etc. O compromisso do projeto “Green Fleet” é ter a frota de ligeiros de passageiros ao serviço da Nestlé Portugal composta 100% por viaturas elétricas ou híbridas plug-in até 2025. A implementação deste projeto dará um relevante contributo para o compromisso de reduzir para metade as emissões de CO2 até 2030 e para o atingimento das zero emissões líquidas de gases com efeito estufa até 2050.
O projeto “Green Fleet” tem um papel determinante para a redução de gases com efeito estufa e para o atingimento da neutralidade carbónica até 2050."Ana Fróis, NCE Champion & Iberian Services Manager
Que balanço faz do projeto até ao momento?
Este projeto arrancou em 2020 com a decisão de se substituir as tradicionais tecnologias a combustão por tecnologias consideradas verdes (as conhecidas por BEV e PHEV, ou seja, 100% elétricas e híbridos plug-in).
Nesse primeiro ano, entregámos as três primeiras viaturas 100% EV e, em 2021, seguiram-se as primeiras 15 viaturas Peugeot e-2008 BEV. Ainda em 2021, entregámos à força de vendas carros híbridos Megane Híbridos Plug In. Neste mesmo ano fizemos a extensão da estratégia para as carrinhas de Autovenda, com um piloto em cinco carrinhas totalmente EV.
Em 2022, vamos mais longe na ambição continuando a fazer as entregas dos veículos que foram selecionados em 2021, de forma a chegar ao final do ano com 23% da nossa frota totalmente elétrica.
Ainda em 2022 tomámos a decisão de, nas próximas entregas, já todos os veículos serem 100% elétricos (mesmo os da força de vendas).
O que implica esse objetivo até 2025?
Significa que agora, paulatinamente, temos de alterar todos os anos a nossa frota atual, ainda de combustão tradicional (diesel), preferencialmente para 100% elétrica.
Inicialmente, não quisemos fazer logo uma mudança drástica para as equipas de vendas e, para estas equipas, renovámos os carros que terminavam contrato para híbridos plug-in. Isto porque à data ainda não tínhamos carros 100% elétricos com a autonomia necessária para a nossa força de vendas não ter impacto negativo no seu dia-a-dia (pois podem fazer 300 quilómetros diários).
No nosso último tender, conseguimos encontrar uma oferta mais avançada tecnologicamente e, este ano, vai ser pela primeira vez possível atribuirmos também carros 100% elétricos aos Colaboradores das áreas de vendas.
Isto significa um avanço importante, pois assim conseguiremos cumprir o compromisso feito de atingimento de frota classificada como verde, até 2025.
Neste momento, existem 40 postos de carregamento na sede da Nestlé, em Linda-a-Velha (10 instalados em 2021). Em 2023 chegaremos aos 60 e, em 2024, aos 72. Também já temos carregadores nos sites de Avanca e Porto.
Que importância tem esta medida para o objetivo global de redução do impacto ambiental das operações da Nestlé, com uma redução estimada de 1800 toneladas de CO2 por ano?
Considera-se que o projeto “Green Fleet” tem um papel determinante para a redução de gases com efeito estufa e para o atingimento da neutralidade carbónica até 2050. A par com as iniciativas de redução levadas a cabo pela área de logística da Nestlé Portugal, é uma das grandes alavancas para essa redução.
Sendo a Nestlé detentora de uma frota considerada de grande dimensão (temos 437 veículos ligeiros ao nosso serviço), também no que se refere à gestão da frota temos uma responsabilidade adicional em contribuirmos ativamente para essa redução.
Sem dúvida que com este projeto estamos a fazer a nossa parte e conseguiremos cumprir o nosso objetivo de redução de 5% gep/Km em 3 anos, cumprindo assim o nosso plano de racionalização de emissão de gases.
Quais as maiores dificuldades que foi enfrentando neste processo?
Às dificuldades habituais inerentes a um processo de mudança e da exigência de adaptação, tanto dos condutores como da equipa de gestão da frota a um novo modelo de funcionamento, somou-se o coincidirmos no tempo com a pandemia mundial e, posteriormente, com a guerra na Ucrânia.
Estes dois fatores, vieram adicionar às dificuldades de adaptação habituais dos condutores já referidas, uma crise enorme no sector automóvel, o que fez com que nos tivéssemos de adaptar à gestão da escassez da oferta.
Fomos muito afetados pela enorme crise provocada pela falta de capacidade produtiva dos fabricantes automóveis. Esta crise foi iniciada pela crise mundial dos semicondutores e, mais tarde agravada, pela situação de guerra na Ucrânia, que afetou capacidade a produtores de cablagem dos fabricantes europeus, nossos fornecedores tradicionais.
Assim, temos sofrido desde então, e até à data, graves falhas na oferta, com falta de automóveis no mercado, e um atraso enorme nas entregas das encomendas feitas.
O mercado está realmente em crise e até mesmo para alugar, temos falta de viaturas. Isto, obviamente, leva a um aumento grave nos preços de leasing das viaturas e a dificuldades operacionais diárias na gestão de atribuição de viaturas.
Às dificuldades habituais (...) somou-se o coincidirmos no tempo com a pandemia mundial e, posteriormente, com a guerra na Ucrânia, o que gerou uma crise enorme no sector automóvel."
E quais as vantagens óbvias e não óbvias deste projeto?
As vantagens óbvias são as já referidas de impacto positivo no nosso ambiente, com a consequente redução de CO2 e as económicas, pois mesmo apesar da subida do custo da eletricidade, atualmente o preço médio do litro de gasóleo para percorrer 100 kms é de 9,24€ e o preço de percorrer os mesmos 100 kms quando carregado na Nestlé é de 2,19€. Mesmo num posto público é de 6,40€, o que é bastante menor que o a diesel. (Nota: Estudo UVE a preços de final de julho 2022).
Quais os maiores desafios que se encontra no que toca a alterar totalmente uma frota automóvel de uma empresa? E neste caso para uma frota elétrica.
Os desafios têm sido enormes, desde o primeiro dia em que a decisão foi tomada. Foi realmente uma decisão corajosa, como é necessário para todos os processos de grande mudança.
Temos desafios de caráter interno, por se tratar de um projeto multidisciplinar muito complexo, que exige a envolvência de muitas áreas da Companhia, com necessidade de um governance disciplinado para garantir a correta coordenação entre todas essas áreas. E também a necessidade de uma comunicação transparente e completa a todos os Colaboradores impactados e o suporte e formação adequados.
E depois temos os desafios externos, dado o contexto difícil de crise severa no mercado automóvel em que vivemos e que já comentei anteriormente.
Quantos postos de carregamento também já foram implementados na Nestlé?
Não seria possível uma boa implementação de uma frota 100% EV, sem estar acompanhada de um plano de instalação de postos de carregamento em todos os sites da Nestlé Portugal.
Por este motivo, a área de Facilities esteve sempre muito envolvida no projeto, liderando a parte de implementação de postos de carregamento e com uma estratégia clara de expansão definida desde o primeiro dia.
Neste momento, temos 40 postos de carregamento na sede, em Linda a Velha (10 instalados em 2021). Em 2023 chegaremos aos 60 e em 2024 aos 72 (de 7,4 KwH).
Também já temos carregadores nos sites de Avanca e Porto.
Atualmente é um grande orgulho, pois posso sentir que com o meu trabalho diário estou a contribuir para um futuro mais positivo para as gerações futuras.”
Como têm reagido os condutores aos novos veículos?
Por parte de todos os Colaboradores da Nestlé Portugal há um grande compromisso com o nosso propósito e uma grande vontade de contribuir ativamente, através das suas ações diárias, para a redução de emissões de CO2.
Apesar do grande compromisso, existem algumas dificuldades inerentes ao novo modelo de funcionamento. O condutor passa a ser um utilizador de veículo elétrico e, isso é uma grande mudança, mesmo para os mais entusiastas da mobilidade elétrica.
Com efeito, trata-se de um novo paradigma, que exige uma nova forma de estar face à condução e exigências diferentes no dia-a-dia, como por exemplo, não se poder sair para viagens longas sem prévio planeamento da viagem, avaliar a percentagem de carga da bateria, verificar onde poderá parar para carregar o carro, ter suporte digital de aplicações que indiquem postos de carregamento próximos, etc.
São mudanças muito relevantes no dia-a-dia dos nossos Colaboradores, pelo que quisemos suportá-los desde o primeiro dia e, para isso, fizemos uma parceria com a UVE – a maior Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos em Portugal – para que nos dessem suporte na formação dos nossos Colaboradores e em apoio diário para retirar dúvidas e prestar esclarecimentos.
Sentir que se é parte da “luta” pela sustentabilidade, com certeza que também é algo positivo. Fale-me dessa possibilidade, de poder, a cada gesto, estar a fazer algo pelo ambiente.
Atualmente é um grande orgulho, pois posso sentir que com o meu trabalho diário estou a contribuir para um futuro mais positivo para as gerações futuras.
Confesso que inicialmente estava eu própria receosa, pois temia o impacto nas atividades diárias da equipa de gestão da frota e, consequente reflexo negativo nas operações. Isto porque foi necessário dar um maior suporte aos condutores e alterar os nossos sistemas e formas de trabalho habituais.
Com a evolução tecnológica e ganho de autonomia das viaturas, com o crescimento do parque de carregadores da Nestlé Portugal, e com a capacidade adaptativa e de aprendizagem demonstrada pelos nossos Colaboradores, posso agora estar tranquila ao afirmar que estamos a dar vida ao nosso propósito!
O objetivo da Nestlé é chegar ao final de 2022 com 23% da sua frota totalmente elétrica.